12 December 2008

Sou deveras devoradora de devaneios dolentes.
Devaneios que devastam os devassos danos d'alma.
Dado o dolo,
Danifico-os de danados ditos doidos,
para dengos doces de densas dádivas.

22 September 2008

Meu cabelo não amassa mais quando eu acordo. Eu levanto, com gosto de guarda-chuva no céu da boca ainda, e ele escorre, fininho, esquisito, pra minha orelha. A cabeleireira rasgou uma navalha fácil para umas pontas quase sem graça. Elas ficam me olhando agora no espelho, arrebitando pra ver se eu dou bola pra essa cara diferente, esse cabelo escorrido. É o progresso da televisão; progressiva fede. Eu não disse que eu to feia, muito pelo contrário, depilo o buço e faço a unha da mão toda semana; o pêlo da cara é cruel no vídeo. Televisão ainda não tem cheiro, que bom, porquê eu lavo as roupas pela madrugada e elas não aceitam mais, tão bem, 10 horas de varal sem amaciante. O lençol nem carece mais de ser fresquinho, nem durmo mais de conchinha. Homem só os 110 que entram terça, quinta e sábado na programação. A dor que o corno deixou é da dor de quem se transforma. O médico vem de mansinho, abre a porta da minha geladeira; entra no meu quarto, brinca com minhas músicas e deixa a casa arreganhada para o mostro, que de álcool e ácido, vem querendo, no repente, me bater. Não aconteceu nada, mais eu fiquei atônita e gelada, feito meu cabelo novo sem graça.

.Sinto saudades novas

16 June 2008

Eu não consigo entender, muito bem, certas coisas que aparecem na minha vida, mas o fato é que eu sou muito grata ao fluido celestial que emana de mim. Assim como uma amiga minha diz sempre, "adoro tudo que produz fluido", acredito que o maior fluido é o fluido do acaso, esse que nos permeia e nos deixa assim, magníficos. Ando mais do que nunca "magnífica", magnificada, estapefada, magnética, por essa vastidão de fluidos cósmicos e nem um pouco sexuais; mas que sejam sexuais, por que o sexo dos anjos é o mais bonito de todos e o que me alimenta. Solto alguns Obrigadas assim, sem mais nem menos, abrigada, pois então. Eles sabem bem do que estou falando, ah sabem sim.

01 May 2008

Tava gelado e bom sentir o meio dos meus pés fazendo curvinha para dentro quando eu saí da cama esta manhã. É quase que um charminho de mulher pedrosa fazer de conta que o frio não é com você. Levantar, fazer café, com os joelhos bem dentro do moletom cinza-do-ano passado. Acender o fogão e esquentar a ponta do dedão direito... O miolo do pé fica mais frio. Os contrastes dos sentidos. Tantos contrastes. Acordar com os pés sozinhos bem descalços é mais um deles. Ferver a àgua do café e olha só,o vaporzinho bom na cara amassada que faz tipo de Olha como eu sou bonitinha pra seu - ninguém. Ensaiar. Coçar a bunda quentinha do edredom, ai meus pés. Aqui está a havaiana gelada e dura. Elas não são anatômicas, sabia? Hoje eu não dormi de conchinha, fazer yoga está alinhando minha coluna. Eu gosto de dormir na transversal.

04 April 2008



"O ressoar dos sentidos submersos desatinam aqueles que perduram por Sentir; e Eu Sinto, mesmo o Tanto ter me escapado e o resto ter me Perdido."

18 December 2007




Eu nunca escrevi uma coisa tão feia quanto agora.
Acho que é culpa do Agora, a Gorar .

05 December 2007


Você é o lastro daquele friozinho no meu umbigo.

13 October 2007



Se meu corpo pular em pedaços, feito pipoca, serei uma rã anêmica de mim.
Puro sentimento poroso.

10 October 2007





Quando a gente se vê em fotografias antigas, é tudo tão igual e contra-senso inconcebível, que parece até que a gente se travestia de passado.

08 October 2007



Olhar e perceber. Captar os limites do que não somos nós.
Palpar às pálpebras, Notar transversalmente Olfato-tátil, e eu querendo ir pro céu de nave-mãe.
Quero ser Gentileza em poesia.